sexta-feira, 27 de agosto de 2010

E O Disco Arranha Novamente.


Um assassinato: um jogador de futebol, uma advogada, uma “modelo” e alguns minutos na TV são necessários na compilação de um disco que “vira e mexe” arranha na estrofe: - ele é o culpado, ta na cara! A televisão brasileira parece esquecer seu papel, que é de informar – apenas, não julgar, sentenciar e estafar seus espectadores com detalhes de fatos que – felizmente – não convém a noventa e nove por cento da população.

Há algumas semanas dois acontecimentos vêm tendo hiper-exposição e repercussão, em qualquer canal que você mude, a qualquer hora do dia estarão lá: Novidades sobre o caso do goleiro Bruno e Elisa Samúdio e a morte da advogada Mércia Nakashima – acreditem, estes nomes surgiram sem que uma pesquisa prévia fosse feita. E em cima de fatos que dia-a-dia surgem são geradas “rodas” de debate sobre quem seriam os culpados e o porquê dos crimes. Penso que, tantos detalhes, inclusive os da perícia deveriam ser sigilosos, isto é, disponíveis somente a família dos envolvidos.

Infelizmente, tragédia no Brasil é o que vende; e quanto pior forem os detalhes desta, mais repercussão terá! E assombrosamente são os próprios familiares dos envolvidos que oferecem vez ou outra novidades sobre os fatos e andamento de processos; isto quando não são os próprios promotores e peritos que aparecem em Talk Shows dando detalhes das investigações e tudo mais.

Enfim, normal que programas de TV façam matérias sobre fatos que chocam e prendem a atenção de seus espectadores dado o nível de crueldade, todavia, detalhes são detalhes e tudo demais sempre é sobra. A percentagem da população citada na introdução (noventa e nove por cento), nada tem a ver com a morte de fulana ou com a prisão de cicrano... Não vos cabe julgar ou apontar os erros de outrem – advertia um antigo profeta. No mais se fossemos dar voz a tanta barbaridade, não faríamos mais nada da vida, e viveríamos nas sombras em função da morte.