segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Questões sobre: Pessoas em situação de rua

Talvez não seja assim tão ruim, morar na rua, por mais incrível que pareça não é o maior problema para os que vivem nesta condição. Para muitos destes viver sem compromissos e sem moradia fixa – é a grande sacada, e para alguns outros uma triste necessidade, todavia, o que torna esta condição um “problema” é a discriminação incutida no falsa–compaixão.

Há algum tempo venho lendo, e refletindo sobre este assunto, depois de algumas entrevistas com algumas pessoas em situação de rua, e assistentes sociais, percebi que o mal – para eles – não está em viver pelas praças e avenidas sem um endereço fixo com CEP e logradouro, em lugares onde pra nós servem somente como espaços interligados, e sim na maneira com a qual lançamos nossos olhares discriminatórios sobre os mesmos.

Existem ONGs e algumas políticas públicas para as pessoas em situação de rua, Vans de resgate circulam buscando reintegrar estas pessoas na comunidade, com ajuda psicológica e moradia em albergues e casas de apoio, onde é oferecido serviço, como tratamento de saúde, alimentação e oficinas ocupacionais... Porem elas não dão conta da demanda, há um levantamento do Ministério do Desenvolvimento Social e da agência Brasil, feito com base em 76 municípios, onde estima-se entre 0,6% a 1,0% o total de brasileiros que vivem nas ruas, o que dá entre 1,0 a 1,8 milhões de pessoas, maioria delas carentes de tratamento psicológico, as políticas públicas existem, sim, mas a demanda é maior que a oferta.

Porém, das pesquisas e entrevistas feitas, nota-se que muitas pessoas não querem sair da situação em que se encontram, muitas vezes pelos mesmos motivos, rejeição familiar, drogas, ou mesmo por opção, a rua enfim não seria a pior alternativa. A semelhança entre as pessoas que vivem em situação de rua vão além das roupas encardidas, e rasgadas, estendem-se principalmente a base familiar destes, que comumente é fragmentada e/ou débil, na maioria dos casos, formada por crianças e/ou adolescentes em fase de maturação psicológica, o que incide na perpetuação da ignorância e da miséria.

Contudo, o discurso de que são sofredores passivos, e que devemos a todo custo ajudá-los a sair de uma realidade cruel e desconfortável, é preconceituoso porque não vem de quem vive na rua, ele vem de quem acha que simplesmente supõe o que é não viver como si próprio, dentro de um cubo de concreto e telhado com contas a pagar... De quem não se sente confortável com uma realidade do outro, e tenta impor sua como única e insubstituível.

Existem fatores que dificultam a sobrevivência do indivíduo em situação de rua sim, como a inexistência de trabalho formal, conseqüentemente a falta de alimento, que resulta na debilitação física-imunológica do corpo que finda no seu mal funcionamento, tanto pra quem escolheu quanto para quem não teve opção de sair desta situação.

Enfim, quando fome, o racismo, e a miséria enfrentada pelo ser humano (que são os problemas sociais a serem discutidos) forem eximados da realidade do planeta, não só da Bahia nem do Brasil, passaremos a olhar para os nossos semelhantes de uma outra maneira – independentemente de onde residam, se em casa, nas ruas, na zona rural, na floresta ou nas favelas... sem descriminação ou pena – sentimentos dispensáveis, já que não ajudam em nada, só diminuem o outro e estraçalham qualquer estrutura psicológica, estando ela saudável ou não!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

sábado, 18 de setembro de 2010

Ponto de vista sobre a escrita dos jovens nas provas e concursos.

O que venho abordar aqui não é a história da escrita, de palavras “inalcançáveis”, tampouco de sentenças e/ou projetos as mazelas abarcadas pela pós-modernidade; trata-se de expressão e materialização de tudo aquilo que paira na mente de todo indivíduo, sobre “N” questões.

Q.I alto, ou baixo? Balela, nada disto procede na hora de uma boa escrita. O que acontece é muito simples, as pessoas são – infelizmente – mal instruídas. Na escola aprendi que escreve bem, quem sintetiza “soluções” a questões complexas até mesmo a mestres e doutores e sentencia como – mocinho ou vilão. Isto quando não nos era dado a “deliciosa” tarefa de desvendar fenômenos inexplicáveis até mesmo para a ciência.

Estes eram alguns dos motivos que me causavam tanta dor de cabeça e repulsa pelas páginas em branco, ávidas pela tinta da caneta as quintas-feiras de redações na época do colegial.

Aprendi com o tempo que – sim – a leitura enriquece nossa “caixa de ferramentas” que auxiliam na elaboração de estruturas textuais coesas e que elevar o teor dinâmico do que se escreve, garante a atenção! E o mais importante: que não temos obrigação de resolver ou sentenciar fatos e/ou pessoas. Neste caso, cabe ao escritor tão somente a tarefa de expor seu ponto de vista sobre o assunto sugerido.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

E O Disco Arranha Novamente.


Um assassinato: um jogador de futebol, uma advogada, uma “modelo” e alguns minutos na TV são necessários na compilação de um disco que “vira e mexe” arranha na estrofe: - ele é o culpado, ta na cara! A televisão brasileira parece esquecer seu papel, que é de informar – apenas, não julgar, sentenciar e estafar seus espectadores com detalhes de fatos que – felizmente – não convém a noventa e nove por cento da população.

Há algumas semanas dois acontecimentos vêm tendo hiper-exposição e repercussão, em qualquer canal que você mude, a qualquer hora do dia estarão lá: Novidades sobre o caso do goleiro Bruno e Elisa Samúdio e a morte da advogada Mércia Nakashima – acreditem, estes nomes surgiram sem que uma pesquisa prévia fosse feita. E em cima de fatos que dia-a-dia surgem são geradas “rodas” de debate sobre quem seriam os culpados e o porquê dos crimes. Penso que, tantos detalhes, inclusive os da perícia deveriam ser sigilosos, isto é, disponíveis somente a família dos envolvidos.

Infelizmente, tragédia no Brasil é o que vende; e quanto pior forem os detalhes desta, mais repercussão terá! E assombrosamente são os próprios familiares dos envolvidos que oferecem vez ou outra novidades sobre os fatos e andamento de processos; isto quando não são os próprios promotores e peritos que aparecem em Talk Shows dando detalhes das investigações e tudo mais.

Enfim, normal que programas de TV façam matérias sobre fatos que chocam e prendem a atenção de seus espectadores dado o nível de crueldade, todavia, detalhes são detalhes e tudo demais sempre é sobra. A percentagem da população citada na introdução (noventa e nove por cento), nada tem a ver com a morte de fulana ou com a prisão de cicrano... Não vos cabe julgar ou apontar os erros de outrem – advertia um antigo profeta. No mais se fossemos dar voz a tanta barbaridade, não faríamos mais nada da vida, e viveríamos nas sombras em função da morte.