A algum tempo atrás meditava sobre morar ou não em uma choupana nos altos alpes de uma montanha...beira brisa e avizinhado por ursos e pássaros, logo acordei daquilo que parecia ser meditação e dei-me conta de que na verdade tratava-se de um plano de fuga; fuga de quê? Se ainda assim encontraria-me dentro desta bolha mortal feita exclusivamente de animais, enfim sou um animal.
Pode parar por aí, isto que vos escrevo não é mais uma redação sobre a desgraça alheia, tampouco um artigo de revista sobre isto ou aquilo, trata-se de um desabafo sobre tudo o que tenho vivido-ouvido e visto. Mãe matando filho e vice-versa, pai estuprando filho, gente se matando, pancadaria, canibalismo, ódio, desrespeito...e tantas outras barbaridades. Por um minuto pareço estar falando em um filme de horror que será lançado no próximo final de semana, mas não...é realidade, você sabe disto, estão ai as nossas janelas e os nossos telejornais.
Tudo isto se passa bem ao nosso lado, quando não acontecem fatalmente conosco, e qual a razão para tudo isto? Seria dinheiro? Não, sei que não se trata disto, eu não sou como estes, e ainda assim uso e preciso de dinheiro. Ofereço meus últimos centavos a quem souber do que se trata. Ou se preferir ofereço educação, a que preservo e doo.
Quando citei acima o meu desejo morto de fugir para uma choupana, não percebi que na verdade não procurava ouvir canto algum, nem sentir a brisa de coisa alguma...e sim buscava paz, e tranquilidade; o que eu não encontraria por aqui. Foi quando dei-me conta de que se podesse ir para alguma montanha, esta certamente não seria em Marte.
Noutro dia ouvi uma senhora desabafar que não demoraria a serem vendidas prisões, aconchegantes, com TV a cabo e tudo, não para os bandidos, mas para nós, e o pior de tudo, era verdade. Dadas as proporções: “bandido-mocinho”, seria até menos caro prender os mocinhos, não é verdade? Digo mocinho e não vítima, porque de certa forma todos somos vítimas de algo, seja do acaso, da família, dos governos, do estado, ou até mesmo do destino. Volto a citar as janelas...nesta prisões elas nem existiram...não teriam serventia. Nesta vida que temos...de mães empreendedoras, de pais empresários, de marketing...de comerciais, de merchandise e de compra, não resta tempo para o amor e seus afins, tudo gira e gira, sem o auxílio daquilo que há algum tempo era o que diferia o Homo-sapiens de um relis chimpanzé - a capacidade de raciocinar. haja vista a inconsequencia refletida hoje, aki, bem aí, alí...do seu, do meu, do nosso lado. Com tudo que há de mais macabro, os assassinos; como tirar a vida de um semelhante? Eles estão a solta...vivem a forra com nossas leis tão descabidas, Nada encoraja tanto ao pecador como o perdão - ja advertia Shakespeare. Nosso sistema infelismente pactua com nossos algozes, em breve termino!
